quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Bichinho na Boca? -parte 1

O quadro não era nada bom. Thales vomitava e estava com uma diarréia daquelas! Chorava, gemia, falava que sua barriga estava doendo. Estava deitado na caminha.
Lembrei que no dia anterior, passamos o dia inteiro em um parque aquático, e por mais que eu dissesse para não fazer, Thales toda hora enchia a boca com aquela água que sabe-se lá o que continha... Agora, estava aí o resultado!
Docemente, quis explicar a criança o que estava acontecendo.
-Filho, sabe o que aconteceu? - o menino me olhava com a carinha de coitado, tentando saber o por quê de tanto sofrimento...
-Lembra que ontem a mamãe pediu para você não beber água da piscina? É porque a água da piscina, é suja, é cheia de bichinhos que não dá para a gente ver. Esses bichinhos, entraram pela sua boca, desceram e agora estão dentro da sua barriguinha. Estão mordendo lá dentro e é por isso que você está doente agora.
Juro, que minha intenção, foi a de acalmar a criança, de explicar o que estava acontecendo com ele. Não tinha a menor idéia do que estava por vir. Esqueci quem era o Thales.
O menino ouviu atentamente minha explicação. Percebi suas feições se modificarem lentamente até que o pavor foi instalado no seu lindo rostinho. Daí começou o berreiro.
- Tira esses bichinhos de mim!!!!!! Não quero bichinhos dentro de mim!!!!! Socooooorro!
O menino surtou!
Meu pai, que estava junto, falou: Por que você fez isso com o garoto? Coitado!
Mas eu não fiz nada! Só falei...
Eu e o Cacá levamos um bom tempo para acalmar o menino. Um bom tempo, MESMO!
Passadas umas semanas após esse epísódio, estávamos agora em Miguel Pereira, num hotel muito bonitinho e sossegado no meio da mata. Estávamos em um grupo grande, da familia lardapreciana. Eu já até havia me esquecido da perturbação do bichinho da barriga
Thales brincava na beira da piscina com as crianças e a Ju, uma funcionária carinhosa do hotel.
Eu, lia tranquilamente e feliz da vida, meu livrinho.
De repente, Thales surta e começa a gritar. Gritar meeeesmo!!
- Tira!!! Tira!! Tira isso!!! - gritava e repetia um gesto desesperado: lambia suas mãos sofreguidamente. Enfiava os dedinhos pela língua, como se quisesse tirar algo lá de dentro de sua boca.
- Eu engoli? mamãããe!!! Eu engoli? - e gritava e chorava feito um desesperado.
A essa altura, algumas pessoas estavam ao meu lado tentando me ajudar. A Juliana veio falar comigo. Tadinha! Devia estar preocupada de eu ter pensado que ela tivesse feito alguma coisa com o garoto.
Thales não perdeu tempo. Pegou as mãos da Juliana, e passou a lamber também.
O ritual era o seguinte: lambia, chorava, lambia e gritava: Tira!!! Tira!!! Já saiu? Já saiu? Tira de mim!!!!
- O que será que houve? Será que foi uma abelha? Um marimbondo?
- Flávia, quer levar ele ao médico?
As pessoas estavam tentando me ajudar, não sabiam e não conseguiam entender o que estava ocorrendo. Na cabeça delas, devia ser algo muito sério, porque o garoto estava descontrolado.
Eu, mãe experiente, sabedora da mente interplanetária do meu filho, comecei a entender o que de fato estava acontecendo.
Peguei ele no colo ( o garoto continuava aos prantos, lambendo tudo o que via pela frente- até minha orelha foi nessa- e gritando: Tira! Tira! - bem dentro do meu ouvido), levei ele para um lugar sossegado onde só eu e ele podíamos conversar, e expliquei amorosamente:
-Filho, fica tranquilo. Nenhum bichinho entrou na sua boca. Eles já saíram eu vi!
Preciso entrar na dele, por isso rola uns papos cabeça entre a gente.
O menino, interrompendo o choro, me perguntou esperançoso:
-Não entrou nenhum bichinho na minha boca, mãe?
-Não filho. E sabe o que mais? Toma essa Coca-Cola que mata qualquer bichinho que estiver dentro da barriga.
Fazer o quê, gente? Tem que apelar!
O menino ficou calmo, pois acreditava agora que não havia nenhum bichinho fazendo morada em seu organismo, e saiu feliz novamente a brincar..na piscina!
Eu, voltei para o meu livrinho, e quando as pessoas me perguntaram o que havia acontecido, eu respondi:
-Ah, nada demais...
E eu sou louca de explicar?

Um comentário:

Bárbara disse...

Lembro dessa historia ! Ele é d+ rsrsrsrs...
Saudades !!!
Bjos